T.E.A – Teatro do Encantamento e da Ancestralidade Africana, ou
Um teatro colorido com pano de fundo todo negro.
Por Jonas de Jesus

É assim que vejo o T.E.A - (Teatro do Encantamento e da Ancestralidade Africana) como um desses aprendizados que se pode dialogar, sem perder as referências do tempo passado, que tem a função de sempre nos guiar para que não esqueçamos nunca a nossa verdadeira identidade, diferentemente das receitas pré-estabelecida de formação de atores/atrizes, como diz mais uma vez nosso mestre em sua pesquisa de mestrado”...esse blog dissertativo não é uma gaiola de receitas sobre formação teatral”, daí o porque de o meu texto ter como subtítulo Um teatro colorido com pano de fundo todo negro. O colorido que me refiro aqui é todo o movimento de possibilidades e simbologia que se renova e que possa reafirmar essa pedagogia teatral do Baobá, e o pano de fundo todo negro é sem sombra de dúvidas a base de sustentáculo: o Candomblé Ketu-Nagô, a imagética do Culto Egungun e o maracatu de Fortaleza, em especial o Nação Baobá.

“Que bloco é esse, eu quero saber é o mundo negro que viemos mostrar pra você” (ilê-Ayê). Esse é o ritmo que se segue a c@ntação desse Blog-dissertação (Pará), que traz dentro de suas inúmeras simbologias caminhos para a formação de pessoas em teatro. Também gostaria de dizer que se em nossos encontros trabalhamos com vendas para (re)aprender a brincar com nossos corpos, ou seja, a venda nos olhos como (re)descoberta de corpos ou como um fechar os olhos para o senso do ridículo, aqui esse blog-dissertativo serve como um tira vendas, um movimento contrário de nossos jogos brincantes, mas vale ressaltar que aqui nessa pedagogia a venda nos olhos é também para tirar outras vendas sensoriais que adquirimos durante séculos de fingimento, "finge que tu é que eu finjo que acredito". De concordância com a frase citada acima que inicia esse parágrafo do grupo afro ilê-ayê, esse trabalho que aqui se torna leitura obrigatória para os futuros atores/atrizes do Teatro do Encantamento da Ancestralidade Africana, é esse mundo negro que faço gosto de protagonizá-lo junto com meus amigos do tambor de rua, Gilvan de Sousa e Wellington Pará, bem como os meninos e meninas do baoba, e tantos outros que vibraram por essa vitória.
Há muito a desbravar dessa leitura, coisas como a relação da cultura ioruba, a transição dos autos reis congo no maracatu de fortaleza, as infinitas leituras linkadas, as máscaras dos egunguns, os dogons e outras infinidades de entrelinhas que ficam aguçando nossas mentes, mas para isso vale fazer uma nova (re)leitura para compreende ainda melhor todo esse mundo negro.
Fortaleza, 06, de setembro de 2010.
Comentários